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DRT - Documentos Resistência Timorense - Xanana Gusmão (Em tratamento)
Kay Rala Xanana Gusmão nasceu em Laleia do Município de Manatuto, em 20 de Junho de 1946, durante o período de Administração Portuguesa. Xanana começou os estudos na escola primária Santa Teresa em Ossu, Viqueque, completando posteriormente os estudos no Seminário de Nossa Senhora de Fátima em Dare, e, mais tarde, no Liceu Dr. Francisco Vieira em Díli. Após a Revolução dos Cravos, em Portugal, em 25 de Abril de 1974, e encarando a oportunidade para a Auto-determinação e Independência de Timor-Leste proporcionada pelo processo de descolonização decorrente das alterações políticas em Portugal, Xanana Gusmão adere à recentemente formada Associação Social Democrata (ASDT). No mesmo ano da sua criação, a nova organização transforma-se na Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN). Tendo trabalhado anteriormente como jornalista e fotógrafo, Xanana Gusmão assume no Partido a função de Diretor Adjunto do Departamento de Informação. Em Março de 1981 organiza a Primeira Conferência Nacional da FRETILIN e é eleito Líder da Resistência e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste (FALINTIL). Em Março de 1983, Kay Rala Xanana Gusmão, que defende a resolução do conflito através de meios pacíficos, assume uma postura de pragmatismo ao iniciar negociações formais com as Forças Armadas Indonésias (ABRI/TNI) que conduziram a um Cessar Fogo que durou até Agosto do mesmo ano. Xanana Gusmão foi responsável pela criação e implementação da Política de Unidade Nacional, que se traduziu na cooperação ativa com as autoridades tradicionais em Timor-Leste e com membros da Igreja Católica. Tomando partido do período de cessar-fogo, desenvolveu a primeira rede clandestina organizada a nível nacional, cujas bases tinham sido lançadas durante a sua permanência nas áreas da Ponta Leste, após a queda de Matebian, e que viria a ser formalizada como Frente Clandestina. Em 1988, o sucesso da Política de Unidade Nacional conduz à criação do Conselho Nacional de resistência Maubere (CNRM), evoluindo mais tarde para Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT). Em 20 de Novembro de 1992, Xanana Gusmão foi capturado pelas Forças Armadas Indonésias no seu Abrigo subterrâneo de Lahane, Díli. Julgado e condenado a prisão perpétua, é transferido para a prisão de Semarang em 1993, e mais tarde para a prisão de Cipinang. O tempo na prisão é dedicado ao desenvolvimento de estratégias para a Resistência, ao mesmo tempo que estuda a Língua indonésia, Inglês e Direito. Parte do seu tempo é também dedicado à pintura e á poesia, cultivando um talento já reconhecido em 1975 quando lhe é atribuído o Prémio de Poesia Timorense pelo poema Mauberíadas. Em Abril de 1998, na Convenção Nacional Timorense na diáspora, que estabeleceu o Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT), Xanana Gusmão foi reafirmado por aclamação como líder da Resistência Timorense e Presidente do CNRT. No seguimento de pressões internacionais cada vez mais fortes relativamente à libertação de Xanana Gusmão e da declaração do Presidente Habibie da Indonésia prometendo conceder independência a Timor-Leste caso a consulta popular a realizar neste país rejeitasse o plano de autonomia proposto pelo seu governo, Kay Rala Xanana Gusmão foi transferido a 10 de Fevereiro de 1999 da Prisão de Cipinang, passando a estar sob regime de prisão domiciliária em Salemba, na parte central de Jacarta. Kay Rala Xanana Gusmão foi libertado da sua prisão domiciliária no dia 7 de Setembro de 1999. Em Agosto de 2000, o Primeiro Congresso Nacional do CNRT, realizado em Díli, elegeu Kay Rala Xanana Gusmão como Presidente do CNRT / Congresso Nacional. De Novembro de 2000 a Abril de 2001, Kay Rala Xanana Gusmão foi o Porta-Voz do Conselho Nacional, um órgão legislativo totalmente timorense da Administração Transitória de Timor-Leste, composto por representantes de partidos políticos, sociedade civil, grupos pós autonomia e diversas crenças religiosas. O CNRT/CN foi dissolvido a 9 de Junho de 2001. Após a dissolução do CNRT/CN, Kay Rala Xanana Gusmão concentrou os seus esforços na AVR – Associação de Veteranos da Resistência – uma organização que engloba antigos membros da Frente Clandestina e que visa criar condições para a sua participação qualificada no processo de desenvolvimento do país. No dia 14 de Abril de 2002 Kay Rala Xanana Gusmão foi eleito Presidente de Timor-Leste, tendo tomado posse como Presidente da República Democrática de Timor-Leste em 20 de Maio de 2002. Serviu como Presidente da República até ao final do seu mandato em Maio de 2007. Após deixar a Presidência, Kay Rala Xanana Gusmão foi eleito Presidente do Partido político formado em Abril de 2007, o CNRT - Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste. A 30 de Junho realizaram-se as eleições legislativas, tendo o CNRT recebido o segundo maior número de votos e formando imediatamente uma aliança com três outros partidos políticos, o PD (Partido Democrático) e a Coligação ASDT-PSD, tendo essa aliança passado a chamar-se AMP (Aliança da Maioria Parlamentar) e garantindo 37 dos 65 assentos no Parlamento Nacional. A 3 de Agosto de 2007, o Presidente da República, José Ramos-Horta, convidou oficialmente a AMP a formar o próximo Governo. A 8 de Agosto de 2007, no Palácio Presidencial Lahane, tomou posse o IV Governo Constitucional, com Kay Rala Xanana Gusmão como Primeiro-Ministro da República Democrática de Timor-Leste. O mandato do IV Governo Constitucional termina em 2012. A 7 de Julho de 2012, nas eleições legislativas, o CNRT recebeu o maior número de votos, garantindo 30 assentos dos 65 assentos no Parlamento Nacional. O CNRT formou uma coligação com o PD e com a Frente-Mudança, assegurando assim um total de 40 assentos para o Bloco de Coligação dos três partidos. A Coligação foi convidada a formar Governo pelo Presidente da República, também recentemente eleito, Sua Excelência Taur Matan Ruak e a 8 de Agosto de 2012 o V Governo Constitucional tomou posse, precisamente cinco anos depois do IV Governo. Kay Rala Xanana Gusmão tomou posse como Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa e Segurança, para um segundo mandato de cinco anos. Em Fevereiro de 2015, a tomada de posse do VI Governo Constitucional, Xanana Gusmão tomou posse como Ministro do Planeamento e Investimento Estratégico. Em 2010, Xanana Gusmão entregou um conjunto de documentação referente ao período em que se encontrava em Cipinang. Inclui correspondência com os responsáveis da Frente Armada e da Frente Clandestina no interior do território. No dia 1 de Dezembro de 2015, através da então Assessora do AMRT, Tânia Betencourt Correia, fez a entrega um conjunto de documentos organizados em duas caixas e uma mala: 1. Uma caixa plástico contem correspondência diversa dirigida a Xanana Gusmão e Kirsty Sword Gusmão, das décadas de 1990 a 2000. 2. Uma mala de tecido tais contendo documentos de trabalho das Comissões da Presidência da República do período de 2003-2007, constituídas para apuramento da lista de veteranos a serem homenageados, assim como para apuramento das estruturas da Resistência Clandestina e Armada nas várias Regiões. 3. Uma caixa de cartão contendo documentos que foram sendo enviados a Xanana Gusmão quando se encontrava em Cipinang, relativos a Resistência, e designadamente listagens elaboradas no contexto da Consulta Popular de 1999 na Região I da Ponta Leste.