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O ARQUIVO

A documentação física que se encontram nos depósitos do AMRT não está disponível á consulta, uma vez que o seu manuseamento iria comprometer a sua integridade (note-se que parte significativa desta documentação foi escondida das forças ocupantes em condições de segurança dificílimas, sendo, frequentemente, enterrada e posteriormente, desenterrada e posta ao sol pelos seus detentores, a fim de retirar a humidade da terra, o que, naturalmente, deteriorou gravemente alguns documentos.

A documentação da Resistência no interior do território era, geralmente, arquivada pelos seus principais dirigentes. Ao longo da luta, perdeu-se muita dessa documentação, quer por ter sido destruída pelos próprios, por razões de segurança, quer por ter sido capturada pelo inimigo, além de que as condições de conservação não eram, naturalmente, as mais adequadas. Os fundos até agora integrados no Arquivo da Resistência Timorense têm cinco origens principais:

  • documentação que se encontrava no exterior (alguma da qual, aliás, permanece ainda em diversos países, seja em Portugal, seja na Austrália, seja na Indonésia, por exemplo), em que avulta a produzida por organizações de solidariedade com a luta do Povo Timorense;
  • documentação que se encontrava guardada em abrigos da Resistência, em Timor-Leste;
  • documentação individualmente preservada por elementos da Resistência, fosse da Frente Clandestina, fosse da Frente Juvenil, fosse ainda de elementos da população;
  • documentação guardada por elementos do clero (no interior e no exterior do país);
  • e documentação na posse de timorenses que de alguma forma se relacionaram com as autoridades de ocupação.

Quanto à documentação guardada em abrigos, reunia geralmente documentos em papel, livros, registos fotográficos, cassetes áudio, vídeos e objectos pessoais, estando acondicionada em baús, malas e sacos. Muita dessa documentação estava em envelopes ou dossiers de papel, em geral reutilizados e sem qualquer indicação ou com indicações corrigidas e aparentemente arbitrárias. Registe-se, finalmente, que a grande maioria destes documentos se encontrava muito deteriorada pela humidade e infestada de fungos.