Exposição Temporária
500 anos da Interacção de Duas Civilizações: Timor-Leste e Portugal - A Afirmação da Identidade Timorense
A 28 de Novembro de 2015, a República Democrática de Timor-Leste assinalou os 500 anos da Identidade Timorense – chegada ao território dos navegadores e missionários portugueses - e o 40.º aniversário da Proclamação Unilateral da Independência.
O Arquivo & Museu da Resistência Timorense e a Fundação Mário Soares organizaram para o efeito uma exposição sobre a temática “500 anos da Interacção de Duas Civilizações: Timor-Leste e Portugal - A Afirmação da Identidade Timorense”, patente ao público em Oecusse e em Díli.
De igual modo se procedeu à edição de um catálogo, em 3 línguas (tétum, português e inglês), destacando alguns dos aspectos mais marcantes dos últimos cinco séculos da relação de Portugal como Timor-Leste, com texto de Paulo Jorge de Sousa Pinto, da Universidade Nova de Lisboa.
A iniciativa contou ainda com a colaboração do Arquivo Nacional de Timor-Leste, da Secretaria de Estado da Arte e Cultura e o apoio da Embaixada de Portugal em Díli, da Fundação Oriente e do Hotel Timor.
A exposição foi inaugurada em Díli, no Arquivo e Museu da Resistência Timorense (AMRT) e em Oecusse, no Centro de Aprendizagem e Formação Escolar de Timor-Leste (CAFE), onde, em paralelo, também decorreu uma Feira do Livro.
No enclave de Oecusse Presidiu à cerimónia o Presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial, Mari Alkatiri.
À tarde em Dili, no AMRT, a exposição foi inaugurada pelo o Ministro da Administração Estatal e Ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e da Justiça, Dionísio Babo, em representação do Primeiro-Ministro.
Nessa ocasião, o Director do ARMT, Hamar Antoninho Baptista Alves, sublinhou tratar-se de uma «exposição que celebra um encontro ocorrido no século XVI e que marcou determinadamente Portugal e Timor durante 500 anos» e que «Homens e mulheres, filhos dos seus tempos, e de cada uma das épocas que viveram, que contribuíram como pontos de entendimento que são hoje um marco na identidade de ambos os países.»
O Director do AMRT sublinhou ainda que Timor-Leste herdou de Portugal a língua e o catolicismo e «tantos outros sinais», alguns dos quais estão hoje à guarda do ARMT e do Arquivo Nacional.
Ao mesmo tempo, considerou que iniciativas desta natureza constituem «Um recurso para aprender e ensinar. Que sejamos todos conhecedores da nossa história. Que defendamos todos, o conhecimento e a procura do que somos nós e outro. Que esse conhecimento seja a base da tolerância e do entendimento.»
Por seu turno, o Ministro da Administração Estatal e Ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e da Justiça, recordou a importância dos laços entre Portugal e Timor-Leste, destacando a importância da religião e da língua portuguesa e sublinhando que Timor-Leste assinala a data não apenas para olhar para o passado, mas para reconhecer elementos centrais da sua identidade.
Dionisio Babo na sua intervenção destacou ainda que “O timorense sente muito orgulho no seu passado. E isso é pertença de todas as gerações. Muitos ainda pensam que valeu a pena essa interacção que os nossos antepassados formaram e que até hoje conseguimos manter.»
O Embaixador de Portugal em Díli, Manuel Gonçalves de Jesus, recordou os timorenses que participaram na luta pela libertação de Timor-Leste, destacando a relação entre Portugal e Timor-Leste ao longo dos séculos bem como o início de um «novo ciclo da história de Timor e um novo ciclo de desafios para nós portugueses na cooperação».
O Lian Nain Eugénio Sarmento, procedeu à leitura de um poema tradicional destacando os laços históricos entre os dois países, patentes nas ligações entre as monarquias, e a interacção entre a fé católica e o sagrado, lulik.
No âmbito destas comemorações, foi feita uma recriação histórica do primeiro encontro dos missionários portugueses com as populações de Timor e seus chefes, destacando-se o ímpar papel da Igreja Católica Timorense durante a ocupação indonésia, contributo decisivo para a legitimação e credibilização internacional da Resistência bem como, e sobretudo, quando o território se encontrava fechado - transformado na Ilha da Morte e do Sofrimento - único amparo da população para tentar escapar à barbárie de toda a espécie praticada sistemática e indiscriminadamente pelas forças ocupantes.