Exposição Temporária
Fuga e movimentação das Populações - 1975 – 1979
Invasão militar indonésia:
Fuga e movimentação das Populações - 1975 – 1979 –desenhada pelos Combatentes
Assumimos a grande responsabilidade perante as viúvas e órfãos,
a sociedade em particular e a Nação em geral,
de reconstruir páginas douradas da Nossa História de Luta de Libertação Nacional,
baseando - nos apenas no resíduo que a nossa memória nos propõe. (...)
Antes de mais,
curvamo-nos de joelhos
perante os nossos camaradas de armas que se dignificaram sacrificar a sua vida
- que é o expoente máximo de qualquer valor humano –
em prol da nossa sagrada causa de Independência e Libertação Nacional.
Não choremos mais, já que as lágrimas não ressuscitam os mortos.
Que Deus receba as suas almas na eternidade.
Os homens morrem, porém, as obras ficam
e as acções falam mais alto que as próprias palavras.
Assim, deixaram connosco grandes exemplos de patriotismo e nacionalismo,
para que a nossa geração futura
saiba reconhecer e aceitar
para a consolidação, desenvolvimento, paz e estabilidade
para esta Jovem Nação que tanto amamos.
In Relatório de um dos seis Sectores, elaborado em Abril de 2006, por Comandantes da Luta que integraram a Comissão de Verificação de Dados e a Comissão de Consolidação de Dados da Resistência Timorense e dos Combatentes da Libertação Nacional, criadas pelo Presidente da República, Kay Rala Xanana Gusmão.
A 20 de Maio de 2007, assinalando o quinto aniversário da Restauração da Independência da República Democrática de Timor-Leste, o AMRT inaugurou uma Exposição documentando alguns momentos de fuga e movimentações da população, e do Comando Superior da Luta, durante a primeira fase da guerra de Resistência popular contra a ocupação militar indonésia – de 07 Dezembro de 1975 a Março de 1979, com a destruição das Basses de Apoio (ou Bases Vermelhas), aniquilamento da Direcção Superior da Luta e de cerca de 80% das FALINTIL e perda de ligação com o Exterior.
Os mapas, então expostos no Arquivo & Museu da Resistência Timorense, foram desenhados, em Abril de 2006, por Comandantes da Luta que integraram a Comissão de Verificação de Dados e a Comissão de Consolidação de Dados da Resistência Timorense e dos Combatentes da Libertação Nacional, criadas pelo Presidente da República, Kay Rala Xanana Gusmão, mostram a deslocação das populações de dois Sectores durante a operação de Cerco e Aniquilamento:
- A deslocação da População em movimentos torneantes dentro do Sector Fronteira Sul
- Itinerário da Longa Marcha da Fronteira Sul até à Fronteira Norte
- Deslocação da população do sector Centro Norte
Não foi, infelizmente, possível organizar para esta exposição outros Mapas que revelassem com o rigor necessário a perseverança com que o Povo Timorense, em todo o território e apoiado nas Forças das FALINTIL, resistiu e se reorganizou ante as operações militares indonésias de grande envergadura - que iniciadas em Setembro de 1977 duraram até finais de 1979 - destinadas a capturar toda a população e a esmagar a heróica Resistência no Mato e nas Vilas.
A situação de instabilidade política por que Timor-Leste passou no ano de 2006 perturbou gravemente a finalização dos trabalhos, que estavam a ser realizados no mês de Abril, por Antigos Comandantes da Frente Armada, no âmbito das Comissões de Veteranos, criadas pelo Presidente da República Xanana Gusmão.
Figuram também nesta Exposição outros elementos gráficos que demonstram os dados apurados até ao momento sobre os Combatentes mortos desde 1975, com indicação das diferentes situações ocorridas.
Em Dili no dia 7 de Dezembro de 1975, a sangrenta e bárbara invasão indonésia, obrigou à retirada do Povo e das Forças da FRETILIN para as montanhas e vales, na direcção de Aileu e Manatuto, iniciando a resistência contra a ocupação ilegal do invasor estrangeiro.
À medida que as forças militares indonésias tomavam conta de novas e mais distantes áreas, as forças nacionais transferiam-se para áreas ainda não ocupadas, num movimento de "Pequenas Marchas” em permanente resposta às acções ofensivas do ocupante estrangeiro.
A Direcção Político-Militar, respondendo às necessidades emergentes da luta, organizou sucessivamente as FALINTIL por todo o território, correspondendo a cada Fase da Luta uma estratégia política e militar de resistência em resposta às progressivas incursões inimigas.
Após a invasão indonésia, em Dezembro de 1975, e a saída da população de Dili, assistiu-se a muitas “Pequenas Marchas" da população e das Forças, em resposta às sucessivas batalhas e ao avanço do ocupante.
As tropas indonésias tomaram Batugadé, Balibó, Maliana e, a 6 de Janeiro de 1976, cai a Companhia de Bobonaro.
Realizou-se a evacuação das Forças e da população da Vila de Bobonaro para as Montanhas de Tapó, Zumalai e Lolotoe. A Companhia de Bobonaro passou a ter a sua base em Lour.
A 5 de Fevereiro de 1976, ocorreu a tomada do Suai. Após a resistência sangrenta oferecida durante 3 dias pelas Forças das FALINTIL, a vila de Suai caiu nas mãos do das forças militares ocupantes.
As Forças invasoras avançam novamente em duas frentes e tomam seguidamente a vila de Fohorem, progredindo sucessivamente no terreno ao longo de todo o território – mediante a bárbara operação de “Cerco e Aniquilamento” - destruindo as Bases de Apoio e, por fim, encurralando o Comando da Luta e as populações no Monte Matebian, Base aniquilada entre Outubro e Novembro de 1978.
A operação “Cerco e Aniquilamento”, aqui documentada, é composta por três fases:
- De meados de 1977 a Fevereiro de 1978, com o aniquilamento do Sector Fronteira Sul, seguindo-se o ataque à Fronteira Norte;
- Entre Maio e Junho de 1978, com a destruição dos três Sectores Centrais na área montanhosa a Leste da cordilheira do Ramelau, incluindo Soibada;
- De Setembro de 1978 – a partir da Ponta Leste (toda a parte Oriental da estrada que liga Vikeke a Baukau) a Março de 1979, progredindo para as Montanhas de Matebian.
As campanhas de Cerco e Aniquilamento provocaram o caos, os principais líderes da FRETILIN foram capturados, renderam-se ou foram assassinados, deixando a Resistência Armada reduzida a cinzas.
O golpe final foi a morte do Presidente da FRETILIN, Nicolau Lobato, a 31 de Dezembro de 1978,
A 26 de Março de 1979 a Operação Seroja foi dada por terminada e as ABRI declararam Timor-Leste “pacificado”. Embora, cinicamente, o invasor tivesse declarado o território “pacificado” - quando a Operação Seroja foi dada por terminada, a 26 de Março de 1979 - na realidade, Timor-Leste continuava a ser uma zona de Guerra, onde eram postas em prática todas as formas brutais de violação da integridade física e dos direitos civis e políticos dos timorenses – padrão, que, aliás, perpassa os 24 anos do regime de ocupação.