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Abrigo de Ersoi, Ermera

Detalhe de abrigo

CONSTRUÇÃO
Ersoi, casa de Durai, foi a base a partir da qual se construíram os abrigos subterrâneos na área de Ermera (Ersoi, Mirtuto e Loblala) que funcionavam em complementaridade nas movimentações do Comando da Luta. Como explica Durae, “Se o inimigo ocupasse este lugar para onde iriam? Então surgiu a ideia do Comando de fazer mais um abrigo em Loblala e mais um em Mirtuto. Portanto, os três abrigos começaram daqui, depois Loblala e Mirtuto. Eu também ajudei a construir o abrigo de Mirtuto. Porque o abrigo do Lima-Lima como é longe da Vila, era fácil retirar a terra escavada, mas em Mirtuto o problema era idêntico ao daqui. Então tínhamos de ajudar o Caetano a usar o exemplo daqui.”
Ersoi foi a base para a consolidação da estratégia da Luta naquela área, ali tendo Konis estabelecido ligações com outros líderes, responsáveis da Frente Armada e da Frente Clandestina.
O recurso a esta estratégia significou “fazer do Povo as Montanhas e Florestas” dos Guerrilheiros, onde se escondiam e abrigavam para prosseguir a Luta, pois as condições geográficas/naturais do terreno não ofereciam condições para esconderijo.
Da Concentração das forças em Cailaco, no âmbito da reorganização da Luta no Oeste e criação da Região IV, Konis Santana fez um forte apelo “para que se pensasse numa estratégia de transformar a população em Montanhas”, tendo sido efectuado o contacto com Durae, o “arquitecto” dos dois abrigos que construiu em sua casa. Feitos os desenhos, foram apresentados ao Comando da Luta, Konis Santana, que deu o seu aval para a execução dos projectos.
Para escavar o primeiro, em 1993, com uma área de 3.50m x2,50m, foram necessários três meses, conforme esclarece Durae, dificuldades devido á natureza rochosa do terreno. Destinava-se a esconder documentos e armamento e foi dissimulado na sala de visitas. No entanto, após a sua conclusão verificou-se que não oferecia as condições de segurança necessárias, no caso de cerco do inimigo ou ocupação da casa, pois não tinha saída estratégica.
Por razões de segurança foi fechado e construído um outro de grandes dimensões, ao lado da casa, 4.70m x 3,00m, suficiente para um pelotão, também para  material de guerra e para esconder os guerrilheiros, construído em 1994.
Durae recorda que foram necessários também três meses para a sua conclusão.
Nas obras participou o próprio Konis, o Secretário da Região IV, Somotxo, o escolto Hakiak e Hamar. “Quem veio logo para aqui foi o Konis, o Dudu, o Maun Somotxo, o Hakiak, o Sunu Moris, o Comandante Ular também veio, o Riak Leman, o Tara e outras forças, o Loriku, o Kiak, o Iku, o Halibur, um enfermeiro chamado Demétrio”.
Neste abrigo, em 2004 foi resgatado um importante Arquivo de Konis, guardado até à data pela família da casa, hoje parte integrante do Arquivo da Resistencia Timorense.
BIOGRAFIA
António Salsinha, nome de código Durae, nasceu a 4 de Outubro de 1953.
Frequentou a Escola Primária “Cartilha”, em Ermera, não recorda em que anos.
A invasão pelas forças militares indonésias, obrigou à evacuação da população da aldeia para Alas, em Direcção à Fronteira Centro-Sul. Durante este período tinha como nome de código Kore Kois ( que não pode ser apanhado; Kore significa desatar, desapertar; Kois escorregar, escorrega.)
Foi capturado numa emboscada em 1978, o que lhe valeu a prisão até 1980. Depois de libertado, obrigatoriedade de apresentação semanal no Comando Distrital Militar de Ermera, durante dois anos.
Sua profissão, agricultor.
Trabalhou activamente na rede clandestina, tendo construído dois abrigos subterrâneos em sua casa, Ersoi, suporte da criação, consolidação e funcionamento da Região IV enquanto base do Comando da Luta.
FICHA TÉCNICA 
Ano de construção: 1994
Local: Aldeia de Ersoi, Ermera. Situado na casa de António Salsinha, Durae.
Construtores: Dorae e família da casa, Konis, Somotxo,  Hakiak, Hamar.
Utilizadores – Konis, Somotxo, Hakiak, Hamar, Dudo, Suno Moris, Ular, Riak Lemana, Tara, Loriku, Iku, Halibur, enfermeiro Demétrio.
Reabilitação: 2016, financiado pelo Estado da RDTL através do orçamento do AMRT. Implementado pelo AMRT. Projeto incluiu reconstrução total dos dois abrigos, reabilitação da casa e novas instalações sanitárias públicas.

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